UFSM - Universidade Federal de Santa Maria, para mim a mais generosa
das universidades em que trabalhei. Para ela dediquei cerca de
10 anos de minha vida como professor universitário. Foram
muitas as maneiras que encontramos para o relacionamento professor/universidade,
em diversas vezes com quebras de paradigmas e em outras com limitações
que acabaram por encerrar prematuramente com esse mesmo relacionamento,
para minha decepção. Nessa universidade pude com
certeza aprender na prática muito sobre restrições,
sobre oportunidades desperdiçadas, sobre dificuldades
orçamentárias e sobre a complexidade do sistema
de gestão pública. Entretanto, nessa mesma universidade,
aprendi a fazer do limão uma boa limonada, aprendi a conviver
em ambientes com limitações, mas ainda assim obter
sucessos através dos talentos dos alunos e professores.
Aprendi também a entender um pouco mais sobre o ser humano,
sobre amizades sinceras, sobre vaidades e egoismos pessoais,
sobre procrastinações, sobre desafios a nos estimular
e sobre agregação e desagregação
de equipes. Aprendi ainda, e muito, em como desenvolver entusiasmo
em alunos que pouco sabiam sobre a tecnologia de celulose e papel,
quando ali chegaram, mas que queriam abraçar esse campo
de conhecimentos com determinação. Diversos deles
são hoje profissionais bem sucedidos do setor, outros
retornaram às origens florestais, enquanto outros ainda
esperam uma oportunidade no setor. Talvez a coisa que mais aprendi
foi a maneira de desenvolver um curso híbrido, onde parte
dele era realizado no próprio campus universitário
de Camobi, da UFSM, e parte nas instalações da
minha antiga empresa, a Riocell S/A. Essa empresa e sua vocação
de desenvolvimento tecnológico e humano naquela época,
ainda vive na minha memória e na de muitos brasileiros
e cidadãos do mundo, apesar da mudança de nome
e razão social.
Antes
de começar essa história,
gostaria de agradecer a generosidade da UFSM, que em maio de
1997 me concedeu o título
de doutor "honoris causa" por ela atribuído como
tendo sido em função de minhas valiosas contribuições
ao setor florestal. Em uma cerimônia cheia de emoções
e com a presença de amigos sinceros e de minha esposa Lorena,
recebi do reitor na época, o professor Odilon Marcuzzo do
Canto, uma de minhas maiores conquistas profissionais. Esse reconhecimento
sincero e recíproco entre a UFSM e minha pessoa é algo
que preservarei para sempre, como algo que valeu a pena e muito,
que criou um vínculo de amor e de respeito entre nós.
Essa conquista profissional só foi possível pela
mobilização
de amigos e professores da UFSM com os quais sempre me identifiquei
pelo valor e entusiasmo que possuem, os professores César
Finger, Paulo Schneider, Juarez Hoppe e Solon Longhi. A eles, minha
amizade e agradecimentos sinceros. Ao estimado Juarez, que já nos
deixou, minha admiração pelo seu trabalho , competência
e dedicação.
Sempre
me lembrarei da UFSM como uma entidade que me trouxe emoções
opostas e em grande intensidade. A alegria de um doutoramento "honoris
causa", as amizades conquistadas, tanto de professores como
de alunos, o cargo eleito de diretor executivo do CEPEF - Centro
de Pesquisas Florestais: tudo isso foi muito apreciado e tocou-me
profundamente. Por outro lado, a lentidão nas decisões
para se instalar nosso laboratório de celulose e papel,
as dificuldades na integração da equipe de professores,
a falta inimaginável de recursos e a decepção
na impossibilidade de continuar atuando como professor naquela
instituição,
colocaram algumas pitadas de emoções um pouco mais
tristes na minha passagem por lá. O balanço das
emoções é porém
muito mais favorável ao mundo do mais do que ao mundo
do menos. As amizades, as publicações técnicas,
inclusive as primeiras publicações virtuais criadas
pelo CEPEF, a excelente revista Ciência Florestal, as mudanças
que fizemos no CEPEF para dinamizá-lo, os alunos vencendo
desafios definitivamente difíceis, a parceria com a Riocell,
o apoio recebido de outros profissionais voluntários da
Riocell como do Marco Aurélio Luiz Martins e Jorge Vieira
Gonzaga, o entusiasmo e a dedicação das professoras
do Departamento de Química
da UFSM Sônia Maria Bitencourt Frizzo e Maria Cládis
Mezzomo da Silva, tudo isso guardarei como significativos incrementos
em minha carreira profissional e vida pessoal. A tudo isso, só posso
agradecer por ter tido a chance de vivenciar.
Acredito
que agora já poderei contar a vocês como tudo
isso começou. Fui professor contratado da USP (1974
-1976), depois professor visitante da UFV (1977 - 1979), retornando
novamente
como professor visitante na USP (1980 - 1981). O importante é que
ao término de minha segunda passagem como professor
da USP, havia decidido definitivamente "pendurar as chuteiras" como
professor universitário. Sabia que seria difícil,
mas minha carreira profissional à frente de um centro
tecnológico
industrial e a difícil missão de trabalhar pelo
desenvolvimento ambiental da empresa Riocell, pediam que eu
me dedicasse muito mais
a essas causas do que à vida acadêmica (coisa
que sempre gostei de fazer). Na Riocell tive definitivamente
desafios
e conquistas
maravilhosas. Por essa razão, entre 1982 a 1990 estive
com a camiseta Riocell "grudada no corpo", apesar
de minha intensa participação em muitas associações
técnicas e profissionais como ABTCP, ANPEI, ANFPC, CENEX,
FIERGS, etc. Em meados de 1989 fui "cautelosa e sorrateiramente" procurado
pelo superintendente florestal da Riocell, o amigo Alcides
Gasparotto, junto com alguns professores da UFSM. Com uma proposta
tentadora
e com uma "fala mansa e bem medida", mostraram a
disposição
da Riocell em apoiar a criação de um curso de
mestrado em engenharia florestal na UFSM. Precisavam também
de meu apoio e vieram pedi-lo ou conquistá-lo. As opções
de diversificação seriam: Silvicultura, Manejo
Florestal e Tecnologia de Produtos Florestais. Essa última
dependeria muito de minha aceitação em voltar
a lecionar disciplinas de celulose e papel. Era um momento
interessante
de minha carreira.
Estava me tornando diretor de tecnologia e ambiente na Riocell,
novas oportunidades e desafios surgindo, inclusive com as muitas
pressões
ambientais que todo o setor recebia na época. Como sempre
gostei de muito trabalho e estava definitivamente com saudades
de "dar
aulas", meus olhos brilharam e o coração
também.
Propus, para facilitar as coisas, a chance ímpar de
termos um curso realizado parte na universidade e parte na
empresa.
A aceitação
da proposta pela UFSM foi o suficiente para que eu abraçasse
a causa. Busquei ajuda interna e consegui dois novos professores
para as aulas de mestrado em tecnologia de celulose e papel
e para orientação aos alunos. Meus "quase
irmãos" Marco
Aurélio Luiz Martins e Jorge Vieira Gonzaga se uniram
também
voluntariamente para essa tarefa. As disciplinas foram criadas,
a primeira turma matriculada e as aulas começaram tanto
em Santa Maria como em Guaíba. Em Santa Maria, para
a temática
anatomia e química da madeira, tecnologia de outros
produtos florestais, e aspectos ambientais, contávamos
com o apoio da Sônia Frizzo, da Maria Cládis Mezzomo,
do José Newton
Cardoso Marchiori, do Elio José Santini, do Clóvis
Roberto Haselein e do Ayrton Figueiredo Martins. Definitivamente,
a Riocell era uma oportunidade inigualável aos alunos
acadêmicos.
Eles ficavam cerca de 12 a 18 meses na fábrica e laboratórios
da empresa, desenvolviam seus trabalhos de pesquisa, assistiam
aulas de treinamento de operadores, recebiam manuais de treinamento,
escreviam
artigos e relatórios técnicos, assistiam minhas
aulas, as do Jorge e do Marco, além de poderem assistir
qualquer curso que tivéssemos no Centro Tecnológico.
Como foi a época dourada das certificações
ISO e florestal, acabaram aprendendo muito sobre isso tudo
também.
Em Santa Maria assistiam aulas complementares de tecnologia
de produtos florestais,
estatística, anatomia, química e qualidade da
madeira, controle ambiental, etc. Os alunos viviam um mundo
acadêmico
e industrial talvez único no Brasil naquela época.
Um sanduíche perfeito entre teoria, aplicação
e prática, muita prática.
Nessa
década
dos 90's, a Riocell desenvolveu muitas pesquisas sobre branqueamento,
cozimento, prevenção de
poluição,
uso de antraquinona, produção de celulose solúvel,
qualidade da madeira, novas espécies de eucaliptos,
além
das implantações de seus sistemas de qualidade
ISO. Os alunos em suas atividades na empresa podiam participar
de tudo
isso e muito mais. Nas paradas da fábrica podiam aprender
como era uma caldeira por dentro, um forno de cal, enfim, ver
os interiores das máquinas e a forma delas operarem
em sua intimidade. Acabavam também conhecendo os planos
de P&D da empresa
e algumas das dissertações se inseririam no mesmo.
Recebiam também todo o treinamento ambiental e de segurança
que a empresa aplicava a seus funcionários, visitavam
a área
florestal e tinham ainda a chance de concorrer a empregos na
própria
Riocell. Nos laboratórios da empresa recebíamos
muito apoio de técnicos da Riocell como da Vera Sacon,
da Patrícia
Oliveira, do Sérgio Menochelli, do Celívio Heidrich
e muitos outros que cooperavam nos ensinamentos laboratoriais
e nas pesquisas. Isso sem nos esquecermos do acesso que tinham
em uma das
melhores bibliotecas disponíveis no Brasil sobre celulose
e papel.
Em
maio de 1998 meu casamento de 19 anos com a Riocell chegou ao final.
Deixei a empresa por iniciativa própria,
insatisfeito que estava com as medidas reducionistas que
estavam acontecendo,
mas que não era privilégio só daquela
empresa, mas do setor. Era o modelo da época, mostrar
eficiência
em custos, mesmo que fosse às custas de perdas de
talentos humanos e de redução de conhecimentos
e de networking. Esse desligamento causou apreensão
em meus colegas da UFSM, que viram o perigo de perder minha
colaboração
ao curso, que era totalmente voluntária até então.
Minhas novas atividades poderiam acabar por afastar-me do
curso. Em meados
desse ano de 1998, após meu desligamento da empresa,
fizemos uma reunião de professores da UFSM com o diretor
superintendente da empresa. O resultado foi positivo: a UFSM
deveria buscar maneiras
de manter-me na equipe, mas a empresa Riocell continuaria
a apoiar o curso com bolsas de estudo e cessão de
seus laboratórios
para as pesquisas de seu interesse. Não era exatamente
o que estávamos tendo até o momento, mas era
excelente para a sobrevivência do curso em moldes interessantes
e práticos.
A solução para continuidade de minhas aulas
e orientações
foi resolvida com minha contratação como professor
visitante da UFSM pelo período de dois anos, até final
do ano 2000. Já não contaríamos mais
com a ajuda do Marco e do Jorge como professores, mas eu
poderia
dar mais tempo à universidade
e com isso abraçar toda a carga letiva necessária.
Um
novo sonho começaria para mim a partir de dezembro
de 1998. Estava voltando à universidade, com contrato
e tudo, apesar de ser temporário. O sonho era bastante
motivador: redesenhar o curso, adequá-lo, construir
um laboratório para atender
o setor no Rio Grande do Sul, promover a integração
a nível de RS com Sinpasul, Ageflor, ABTCP, etc.
Passei a contar mais com o apoio dos professores de tecnologia
de
produtos
florestais Elio Santini e Clóvis Haselein. Os desafios
eram grandes e as dificuldades maiores ainda. A universidade
talvez não
estivesse acostumada com minha forma franca, dinâmica
e muitas vezes contestadora, coisa conhecida no setor.
Falhamos em alguns
pontos importantes ao não conseguir as velocidades
adequadas. Diversas de nossas metas foram esbarrando ou
em burocracias, ou em
falta de apoio, ou em falta de recursos. A principal carência
e indefinição que encontrei em Santa Maria
foi a total falta de disponibilização de
um pequeno espaço
físico para se montar um laboratório de celulose
e papel, para o qual tínhamos equipamentos, alguns
adquiridos pela universidade, outros doados pela Riocell.
O assunto se arrastou
por dois anos e nada conseguimos. Havia até mesmo
uma promessa para que um laboratório pequeno de
30 m2 fosse utilizado, mas acabamos também perdendo
essa oportunidade. Aprendi que espaço físico é algo
muito disputado em instituições
públicas. E ainda, que os mais antigos são
os mais poderosos nesse particular. Coisas de direito do
tipo "uti possidetis".
No
final do ano 2000, meu contrato temporário terminou. Como
não foi possível a disputa por um lugar
como professor efetivo no quadro docente da UFSM, conforme
o
pessoal do departamento
de Ciências Florestais acreditava que ocorresse,
decidi que renovar um novo contrato temporário
não
era a forma que eu queria para viver profissionalmente.
Deixei com tristeza e
decepção a UFSM, mas definitivamente não
abandonei os alunos que ainda estavam sob minha orientação.
Fomos juntos a eles até o momento das defesas
de suas dissertações
e obtenção de seus títulos acadêmicos.
Também continuamos a apoiar estudantes da graduação,
procurando ajudá-los em suas pesquisas, estágios
e cursos. Ao longo desses mais de 10 anos, muitos foram
os alunos de
graduação e pós-graduação
que passaram pelos laboratórios de química
da UFSM e do centro tecnológico da Riocell. Diversos
deles realizaram pesquisas e publicações
que estão em congressos da ABTCP,
em revistas especializadas e em dissertações
de mestrado. Praticamente todas essas publicações
estão disponibilizadas
nesse website www.celso-foelkel.com.br em diversas de
suas seções.
Além
de atuar como professor do curso de pós-graduação
em Engenharia Florestal na área de Tecnologia
de Produtos Florestais, tive o privilégio de
também
participar como professor do curso de especialização "latu
senso" em Educação Ambiental da
UFSM, uma realização
entusiasmada do professor Juarez Hoppe. Foram muitos
os alunos e alunas para os quais pude falar sobre gestão
ambiental, selos verdes, análises de impactos
ambientais, etc. Um obrigado e meu reconhecimento a
eles também.
Finalmente,
não poderia
deixar de contar a vocês sobre
minha passagem como diretor executivo do CEPEF -
Centro de Pesquisas Florestais. Esse instituto de
pesquisas
congrega diversas empresas
florestais regionais e mais o departamento de Ciências
Florestais da UFSM. O objetivo é a íntima
cooperação
universidade/empresa, nos moldes do IPEF/ESALQ e
SIF/UFV. No início
dos anos 2000, recebi a missão de dirigi-lo.
Mais uma vez, encontramos recursos escassos, mas
muito entusiasmo para mudanças.
O planejamento estratégico para o futuro praticamente
inexistia e os recursos eram mais destinados às
publicações,
como a revista Ciência Florestal e diversos
folhetos, anais de congressos e escassos livros.
Decidimos dinamizá-lo
e sair do mesmismo. Para isso, fizemos uma parceria
com um de nossos mais
talentosos alunos, o hoje professor da UCS em Caxias
do Sul, engº florestal
Everton Hillig. Com uma interessante forma de gestão,
passamos a criar diferentes cursos definitivamente
atrativos na época:
certificação florestal, gestão
florestal, agro-silvicultura, manejo para usos múltiplos,
etc. Aos alunos da UFSM oferecíamos
a oportunidade de participar ao custo do material
impresso ou do CD das palestras. Passamos a criar
publicações
virtuais online, uma novidade na época. Acredito
que quebramos algumas barreiras e resultamos em benefícios
para associados e corpo discente da UFSM. Isso sem
deixar de cumprir as metas que vinham
sendo administradas pela gestão anterior.
Também
na época
incentivamos o aperfeiçoamento do website
do CEPEF, muito bem desenhado pelo engenheiro florestal
Gerson Selle. Acredito também
que tenha deixado alguns descontentamentos em alguns,
mas isso faz parte de processos de mudanças.
Vale
ainda a pena mencionar o entusiasmo que tomou conta da UFSM quando
nossa equipe conseguiu ganhar
o prêmio de trabalho de
maior aplicação prática no
Congresso Anual da ABTCP de 1999. Com a perseverança
de nossa aluna orientada Dorotéia Maria
Martins Flores, apresentamos o trabalho de título "Amostragem
de árvores para estudos tecnológicos
da madeira para produção de celulose:
tamanho da amostra, número mínimo
de repetições e variabilidade
das propriedades para um clone de Eucalyptus
saligna Smith".
O sucesso foi enorme ao se conseguir esse feito
para a UFSM. Até mesmo
a rádio acadêmica da UFSM quis entrevistar
nossa equipe, dando destaque ao curso e aos alunos
do mesmo. Algo que encheu de
orgulho a nossa pequena e esforçada equipe.
Apesar das dificuldades e da falta do laboratório
de celulose e papel na universidade, compensávamos
nossas deficiências com o laboratório
de química da professora Sônia Frizzo
e com as pesquisas nos laboratórios da Riocell.
Por essa razão, é muito
importante se ressaltar a parceria com a Riocell
como da mais alta importância para nosso
curso. De 1990 até o ano 2002,
a Riocell colaborou como poucas empresas fizeram
até hoje
no Brasil para que a ciência, a tecnologia
e a educação
avançada em celulose e papel pudessem se
alicerçar
fortemente no país. Com a possível
retomada do curso em Santa Maria, nos meados dessa
primeira década dos anos
2000, esperamos que a Aracruz Guaíba, que
sucedeu a nossa "sempre
viva Riocell", possa assumir de novo esse
papel, agora "sob
nova direção".
Até hoje
tenho dúvidas porque não foi possível
a minha efetivação no quadro de
professores da UFSM. Acredito que parte das razões
se devem aos eucaliptos, minhas árvores
favoritas, como todos vocês sabem. A história é vivenciada
e interessante, por isso vou lhes contar. Poucos
meses antes do término
de meu contrato, a UFSM através de sua
administração,
decidiu cortar um pequeno bosque de eucaliptos,
de árvores
certamente com mais de 40 a 50 anos. Elas eram
magníficas,
entre 50 a 100 cm de diâmetros na base.
Essas árvores
se mesclavam com árvores nativas em algo ímpar
no campus da UFSM. Com um pouco mais de manejo
florestal e com um bom plano
de adequação paisagística,
poderiam até mesmo
entrar no roteiro turístico do campus
universitário.
O motivo era fútil, as árvores
seriam sacrificadas para se colocar no lugar
uma pequena
antena, que poderia muito bem
ser colocada a poucos metros dali. Quando percebi
o som das ameaçadoras
moto-serras e as primeiras vítimas tombando,
pedi ajuda a alunos no saguão do prédio
da engenharia florestal. Bradei como um bom defensor
do ambiente: "Estão derrubando
nossos eucaliptos. Quem irá comigo salvá-los?".
Surpreendi-me que a maioria dos futuros engenheiros
florestais ficou indiferente, naquela visão
de quem não quer incomodação.
Entretanto, uns poucos, talvez 5 ou pouco mais,
me acompanharam. Oferecemos nossos corpos como
proteção contra o desmatamento.
Os moto-serristas se assustaram, pararam de fazer
barulho e destruição.
Surgiram os guardas da UFSM e até mesmo
o vice-reitor da época
a nos pedir que deixássemos cortar o bosque.
Não abrimos
mão de nossa disposição,
só sairíamos
se parassem a derrubada. O resultado foi uma
interrupção
dos serviços de corte. Foram chamadas
as chefias do departamento, do Centro de Ciências
Rurais, etc., etc. A burocracia em todo seu esplendor.
Até mesmo a imprensa local noticiou sobre
nossa defesa às árvores. Resultado
disso tudo, até minha
saída, em dezembro de 2000, lá estavam
os eucaliptos a nos agradecer todo dia pela sobrevida
que lhes conseguimos. Talvez
essa ousadia em ir contra o "status quo" da
academia que tenha me penalizado com a não
abertura de vaga para professor para nosso departamento,
enquanto para outros sim. Ao sair da UFSM
em dezembro de 2000, deixei uma mensagem de despedida
a todos, nos diversos quadros de aviso, com um
lembrete: "por favor, cuidem
dos eucaliptos, a ameaça persiste".
Sabia que minha saída
da universidade poderia estar a condená-los,
mas acreditava que outros engenheiros florestais
abraçariam a causa. Engano,
poucos dias depois, as árvores foram todas
abatidas, dizimadas, mortas e destocadas. Um
desastre ecológico local. Uma lástima
para nossa silvicultura.
Ao
deixar a UFSM para ter "carreira solo", como consultor,
palestrante e escritor, dei uma olhada para
nossos 10 anos de curso e vi que valeu a pena. Muita
coisa havia sido feita, muitas conquistas
alcançadas. Havíamos deixado
algumas sementes plantadas na forma de novos
mestres
e engenheiros com especialização
em celulose e papel. Tínhamos a esperança,
ainda hoje mantida, que alguns deles possam
retornar para dar continuidade a
esse trabalho.
A
partir de 2005, a dinamização
do setor de celulose e papel no estado do
Rio Grande do Sul despertou de novo a UFSM,
ainda que tardiamente. Novas possibilidades
de fábricas e
de novas florestas plantadas começaram
a surgir no estado: aumento de capacidade
da atual Aracruz Guaíba (ex-Riocell),
instalação da Votorantim Celulose
e Papel, instalação
da Stora Enso, dinamização
da acacicultura, etc., etc. A reconhecida
carência
de "know-how" e de formação
profissional no estado em tecnologia de celulose
e papel ficou evidenciada. A UFSM, que tinha
ficado praticamente em dormência na
primeira metade da primeira década
dos anos 2000, tinha agora nova oportunidade.
Surgiram recursos
para a construção de
um novo laboratório de produtos florestais,
e finalmente nele, de um laboratório
de celulose e papel. O mesmo laboratório
que sonhávamos no final dos 90's,
agora poderia nascer. O sonho poderia de
novo vir
a se tornar realidade, só que agora
com novo maestro. Alguns de nossos antigos
alunos conseguiram crescer na carreira, tanto
em passagens por fábricas, como em
cursos de doutoramento. As oportunidades
estão
de novo surgindo. Torço muito para
que se materializem. Conto sinceramente que
possamos
ter um laboratório qualificado para
atender o sul do país, e porque não
o Uruguai e o Paraguai, também.
Eu, Marco, Jorge Gonzaga, Sônia, Mariazinha
não estaremos
mais na rotina das aulas e das orientações.
Juarez Hoppe e Jorge Gonzaga, lá do
céu, onde certamente estão,
devem também estar torcendo para que
o sucesso seja alcançado. É preciso
velocidade e "timing", coisas sobre
o que a UFSM precisa aprender mais. Mesmo à distância,
nosso apoio poderá ser útil
nessa nova fase.
Da
mesma forma que fizemos para o curso da UFV, estamos colocando para
download, algumas
das
provas aplicadas
nas minhas disciplinas,
as ementas das mesmas, e as dissertações
de todos meus ex-alunos que autorizaram
a sua disponibilização nesse
meu website. Veja o material todo em "Artigos
e Teses do Curso de Pós-Graduação
em Engenharia Florestal da UFSM".
Como tenho o hábito
de permitir alunos ouvintes em minhas disciplinas,
os quais eram também
cobrados por freqüência e por
desempenho para receber um certificado,
vocês
notarão que algumas das dissertações
não são necessariamente em
tecnologia de produtos florestais ou de
celulose e papel. A eles, meu agradecimento
também,
pois se voluntariaram a aprender sobre
celulose e papel como complementação
em suas carreiras.
Finalizando,
meu especial agradecimento a todos meus ex-alunos e
colegas professores
pela contínua motivação
com que sempre me energizaram. Agradecimento
especial também
a dois de meus mais sinceros amigos na
UFSM, professores César
Augusto Guimarães Finger e Paulo
Renato Schneider.
Relação
dos nossos ex-alunos dos cursos de pós-graduação
da UFSM
Afonso
Moura
André Freddo
Andréia de Magalhães Freitas
Cláudia Adriana Bróglio da Rosa
Darci Alberto Gatto
Dorotéia Maria Martins Flores
Edison da Silva Campos
Everton Hillig
Flávia Muradas Bulhões
Gabriel Valin Cardoso
Giovanni Willer Ferreira
Irineu Dalmolin
Leonardo da Silva Oliveira
Lúcia Helena Jerônimo
Luciano Xavier Mezzomo
Maria Leopoldina Keller do Canto
Maristela Machado Araújo
Merielen de Carvalho Lopes
Rafael Hardt Araújo
Sônia Maria Bitencourt Frizzo
Relação dos nossos ex-alunos e/ou ex-estagiários
dos cursos de graduação da UFSM (química, química
industrial, engenharia florestal)
Andréia Flores Guarienti
Angela Cristina Kasper
Cristiane Pedrazzi
Douglas Seibert Lazaretti
Eduardo Righi dos Reis
Kênya Pereira Serafim
Leandro Calegari
Marcelo Castoldi
Márcia Catarina Holkem de Souza
Links
atuais sobre o curso de pós-graduação
da Universidade Federal de Santa
Maria
http://www.vsdani.com/ppgef/ (Programa de pós-graduação
em Engenharia Florestal da UFSM)
http://www.vsdani.com/ppgef/index.php?menu=tesesdissertacoes (Relação das teses e dissertações
defendidas)
http://www.ufsm.br (Portal da Universidade
Federal de Santa Maria)
http://www.ufsm.br/dcfl (Portal
do Departamento de Ciências
Florestais da UFSM)
Links atuais com o CEPEF, Revista
Ciência Florestal e páginas
para downloads de artigos e publicações
http://www.ufsm.br/cepef/index_2.html (CEPEF - Centro de Ciências
Florestais)
http://www.ufsm.br/dcfl/seriestecnicas.html (Série Técnica
e outras publicações virtuais)
http://www.ufsm.br/cepef/publicacoesonline.html (Publicações
online do CEPEF)
http://cascavel.ufsm.br/revistas/ojs-2.2.2/index.php/cienciaflorestal/index (Revista Ciência Florestal)
Galeria de fotos recentes da Universidade Federal de Santa Maria
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Fotos
e visitas através
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http://sucuri.cpd.ufsm.br/_outros/visita_index.php